Vol 5No 01mayo 2024

As “queimadas asfixiantes de agosto” e o risco de desertificação do Brasil Central: fogo, ecologia e ecocrítica

Vol. 5No. 01mayo 2024pp. 1-18
Palabras clave: 
  • Cerrado,
  • Fogo,
  • Desertificação,
  • Ecocrítica

Vistas al resumen: 123 | Descargas: 47

Resumen

O artigo analisa as ansiedades em relação às queimadas e as especulações sobre um provável processo de desertificação na região do Brasil Central, nas primeiras décadas do século XX, com base no conto “Gente da Gleba”, do escritor goiano Hugo de Carvalho Ramos (1895-1921). Essa análise é realizada confrontando as percepções de Ramos, dos habitantes locais, de cientistas e viajantes da época sobre uma possível mudança no regime de chuvas no Brasil Central no início do século XX, provocada pelas queimadas na estação seca e consequente destruição das matas. Trata-se de um estudo possível por meio de uma abordagem que congrega a História Ambiental e a Ecocrítica ao investigar como os não-humanos impactam em uma obra literária em determinado período histórico. As preocupações esboçadas na obra “Gente da Gleba” guardam relação com diferentes perspectivas sobre o bioma Cerrado e o manejo do fogo nessa área, no início do século XX, mas também com as teorias de dessecamento, que eram um conjunto de ideias científicas forjava uma associação direta entre desmatamento e mudanças climáticas em nível local.

Cómo citar

da Cunha, M., Vasques Vital, A., & Dutra e Silva, S. (2024). As “queimadas asfixiantes de agosto” e o risco de desertificação do Brasil Central: fogo, ecologia e ecocrítica. Historia Agraria De América Latina, 5(01), 1–18. https://doi.org/10.53077/haal.v5i01.178 (Original work published 31 de mayo de 2024)

Citas

  1. Andrade, E. N. (1912). Utilidade das florestas. São Paulo: Typ. Alongi,
  2. Benjaminsen, T. A. & Berge, G. (2004). Myths of Timbuktu: From African El Dorado to Desertification. International Journal of Political Economy, v. 34, n. 1, 31–59.
  3. Bergthaller, H. et al. (2014). Mapping Common Ground: Ecocriticism, Environmental History, and the Environmental Humanities. Environmental Humanities, v. 5, 261-276.
  4. Bertran, P. (1991). Desastres Ambientais na Capitania de Goiás. Ciência Hoje -SBPC, v. 12, n. 70, 40-48.
  5. Carneiro, F. S. B. (2014). O Medo que Habita o Sertão: A Presença do Gótico nos Contos “A Beira do Pouso” e “Pelo Caiapó Velho”, de Hugo Carvalho Ramos. Revista Soletras, v. 27, 125-136.
  6. Carneiro, F. S. B. (2015). Manifestações do Gótico na Literatura Regionalista de Bernardo Élis: ‘A Virgem Santíssima do Quarto de Joana’. E-Scrita, v. 6, n. 2, 118-132.
  7. Carneiro, F. S. B. (2019). Imperialismo, Colonialismo e Narrativas Góticas: Pontos de Confluência. Revell, Edição Especial, 267-286,.
  8. Carneiro, F. S. B. (2020). “Minha História Verdadeira Sobre Fantasmas”: A Teoria Pós-Colonialista e o Gótico em Rudyard Kipling e Hugo de Carvalho Ramos. Organon, v. 35, n. 69, 1-16.
  9. Coutinho, L. M. (1977). Aspectos ecológicos do fogo no Cerrado. II – As queimadas e a dispersão de sementes em algumas espécies anemocóricas do estrato herbáceo-subarbustivo. Bol. Botânica, Univ. São Paulo, v. 5, 57-64.
  10. Dean, W. (2006). A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Cia. das Letras.
  11. Drummond, J. A. (1988). O jardim dentro da máquina: breve história ambiental da Floresta da Tijuca. Revista Estudos Históricos, v. 1, n. 2, 276-298.
  12. Dutra e Silva, S. (2020). Challenging the Environmental History of the Cerrado: Science, Biodiversity and Politics on the Brazilian Agricultural Frontier. Historia Ambiental Latinoamericana y Caribeña (HALAC), v. 10, n. 1, 82-116.
  13. Dutra e Silva, S., & Barbosa, A. S. (2020). Paisagens e fronteiras do Cerrado: ciência, biodiversidade e expansão agrícola nos chapadões centrais do Brasil. Estudos Ibero-Americanos, 46 (1), https://doi.org/10.15448/1980-864X.2020.1.34028
  14. Dutra e Silva, S.; Mateus, R. A.; Braz, V; Peixoto, J. (2015). A Fronteira do Gado e a Melinis Minutiflora P. Beauv. (POACEAE): A História Ambiental e as Paisagens Campestres do Cerrado Goiano no Século XIX. Sustentabilidade em Debate - Brasília, v. 6, n. 2, 17-32.
  15. Eiten, G. (1972). The Cerrado Vegetation of Brazil. The Botanical Review, v. 38, n. 2, 201–341.
  16. Edwards, J. D. & Vasconcelos, S. Tropicalizing Gothic. In Edwards, J. D. & Vasconcelos, S. (Eds). (2016). Tropical Gothic in Literature and Culture: The Americas, London: Routledge, 1-12.
  17. Edwards, J. D. Mapping Tropical Gothic in the Americas. In Edwards, J. D. & Vasconcelos, S. (Eds). (2016). Tropical Gothic in Literature and Culture: The Americas, London: Routledge, 13-25.
  18. Freyre, G. (1985). Nordeste: Aspectos da Influência da Cana sobre a Vida e a Paisagem do Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: José Olimpio.
  19. Garfield, S. (2013). In search of the Amazon: Brazil, the United States and the nature of a region. Durham: Duke University Press.
  20. Garrard, G. Ecocrítica. Tradução de Vera Ribeiro. Brasília: UNB, 2006.
  21. Gomes, L. (2020). Hugo Carvalho Ramos: Uma Obra no Intervalo entre a Tradição e a Modernidade. Tese Doutorado em Estudos Literários, Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais.
  22. Gomes, L., Maracahipes, L., Marimon, B. S., Reis, S.M., Elias, F., Maracahipes-Santos, L., Marimon-Junior, B. H., Lenza, E. (2014). Post-fire recovery of savanna vegetation from rocky outcrops. Flora Morphol. Distrib. Funct. Ecol. Plants, v. 209, n. 3–4, 201-8.
  23. Gomes, L., Miranda, H., Bustamante, M. (2018). How can we advance the knowledge on the behavior and effects of fire in the Cerrado biome? Forest Ecology and Management v. 417, 281-290.
  24. Jaramillo, C. (2016). Green Hells: Monstrous Vegetations in Twentieth-Century Representations of Amazonia. In: Keetley, D. and Tenga, A. (eds) Plant Horror. London: Palgrave Macmillan.
  25. Henriques, R.P.B. (2005). Influência da história, solo e fogo na distribuição e dinâmica das fitofisionomias no bioma do Cerrado. In: Scariot, A., Sousa-Silva, J. C., Felfili, J.M. (Eds.). Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 73-92.
  26. Koelsch, W. A. (2010). Thomas Jefferson, American Geographers, and the Uses of Geography. Geographical Review, v. 98, n. 2, 260–279.
  27. McCreery, D. (2006). Frontier Goiás, 1822-1889. Palo Alto: Stanford University Press.
  28. May, T. J. (1999). Frontiers: Environmental History, Ecocriticism and The Kentucky Cycle. Journal of Dramatic Theory and Criticism. v. 14, n. 1, 159-178.
  29. Murari, L. (2009). Natureza e Cultura no Brasil (1870-1922). São Paulo: Alameda.
  30. Oliveira, P.S. & Marquis, R.J. (2002). The Cerrados of Brazil: Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna. Columbia University Press.
  31. Pyne, Stephen J. (1998). Burning Bush: A Fire History of Australia. University of Washington Press.
  32. Ramos, H. (2003). Tropas e Boiadas. Rio de Janeiro: Lacerda Ed.
  33. Ribeiro, J. F. et al. (1983). Os principais tipos fitofisionômicos da região dos Cerrados. Brasília: Embrapa. (Boletim de Pesquisa, 21)
  34. Ribeiro, J. F.; Walter, B. M. T. (2008). As principais fitofitofisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S. M.; Almeida, S. P.; Ribeiro, J. F. (Eds.). Cerrado: ecologia e flora. Brasília: Embrapa, 151-212.
  35. Thielen, E. et al. (1991). A ciência a caminho da roça: imagens das expedições científicas do Instituto Oswaldo Cruz ao interior do Brasil entre 1911 e 1913. Rio de Janeiro: Fiocruz/Casa de Oswaldo Cruz.
  36. Vasconcelos, S. (2016). Tropical Gothic: José de Alencar and the Foundation of Brazilian Novel. In: Edwards, J. D. and Vasconcelos, S. (Eds). Tropical Gothic in Literature and Culture: The Americas, 198-217. London: Routledge.
  37. Vicentini, A. O Regionalismo de Hugo de Carvalho Ramos. Ed. UFG, 1997.
  38. Vital, André Vasques; Dutra e Silva. (2022). Darkness in the Seasonal Savannah: The Brazilian Cerrado in Stories by Hugo de Carvalho Ramos. ETropic: Electronic Journal of Studies in the Tropics, v. 21, n. 1, 239-258.
  39. Walter, B. M. T. (2006). Fitofitofisionomias do Bioma Cerrado: síntese terminológica e relações florísticas. Tese Doutorado em Ecologia, Universidade de Brasília, Brasília.
  40. Worster, D. (1991). Para Fazer História Ambiental. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 4, n. 8, 198-215.